quarta-feira, 6 de junho de 2012

Temporal

Engraçado azar, pensou ela. Caminhou por entre os livros, disfarçou o olhar, evitou a presença, fugiu das conversas e ali, mais uma vez o encontrou. Parecia perseguição, sem mais palavras para serem ditas além de "oi", o qual bastou para perceber o quão distantes estavam, o quão distante haviam ficado e, por mais horrível que fosse, haveria de continuar sendo assim. O silêncio a tomou, quis por vezes lhe falar tudo que precisava dizer, exceto por finalmente notar que nada deveria ser dito porque honestamente não teria mais nada para dizer, ela já havia entendido muito bem as entrelinhas e mesmo que custasse acreditar, dolorosamente ela entendeu. Seguiu, não que fosse de sua vontade, mas parecia necessário. Sua saída daquele ambiente era maior do que apenas retirar-se dali, era como se estivesse pondo um ponto final, mas pensou "pontos finais são colocados em frases que possuíram um inicio" e ironicamente riu porque notou mais uma vez que nada havia iniciado e deste modo não haveria nada que necessitasse de pontos. E o texto assim como a sua vida, muitas vezes precisava de um fim, mas este como tantos outros se basearam em reticências e como ela bem sabe, momentos assim ficam como feridas abertas, precisando antes de tudo de uma limpeza, precisando remover a sujeira para colocar um remédio e só depois, um curativo. E com essa metáfora, ela fechou os olhos e dormiu.

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