quarta-feira, 11 de julho de 2012

3F

Sentada na cama diante daquele velho abajur, olhando fixamente para aquela pequena e ao mesmo tempo grande luz, foi quando notou que havia perdido a pulseira que tinha ganhado dele. Desesperada, procurou "feito louca" e não a encontrou, foi quando aquela sensação de perda a possuiu, só agora tinha notado que a única coisa que havia restado, por fim, não restava mais. E agora, como conviver com aquela sensação de perda?! Ela sabia que já tinha o perdido há muito tempo, mas algo material ainda estava ali presente e de certa forma "marcando" o seu corpo com um velho sentimento, foi quando pensou, velho? Não, não, não tão velho assim porque ainda estava ali, presente. Que ironia, ausente tão presente, mas muitas coisas são assim na vida, esses opostos que se disputam por possuir os nossos sentimentos. Os dias foram passando e o aperto foi aumentando, ela necessitava daquela pulseira para se sentir "completa", ela queria ver aquela bijuteria no seu braço, acompanhando ela onde quer que fosse porque era assim que ela se sentia, "acompanhada" dele. Porém, quanto mais procurou, mais difícil ficou de encontrar, quis por muitas vezes pensar que era coisa de destino, mas ela não acreditava em destino, então tentou de várias formas se confortar com o desapego, mas não conseguia, era mais forte que ela, ela definitivamente não queria de forma alguma se desapegar daquelas lembranças, não sentia saudades, somente lhe agradava lembrar. Finalmente, percebeu que há coisas na vida que se perdem e que jamais podem ser recuperadas, da mesma forma como um anel pode cair no cano da pia e se ir, ou como sentimentos podem se perder ao longo da convivência, sejam bens materiais ou abstratos, algumas coisas se perdem pelo fato de que não foram contrúidas para durar, sem tragédias, apenas destrutíveis. Fim

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